Foi durante o consulado do Presidente josé eduardo dos santos, na província do namibe, que este avançara a existência de um monopólio de empresas estrangeiras no negócio do trigo. Dominado maioritariamente por cidadãos libaneses, o referido grupo não só dominava o sector, como também acabava por deter uma fatia significante das padarias existentes no país.
Apesar do aviso à navegação, os efeitos do que se dissera há mais de 20 anos ainda se faziam sentir. Aumentou significativamente o número de empresas estrangeiras. Embora algumas importadoras do passado, como as famosas Arosfran, e outras tenham desaparecido, houve, de facto, uma substituição em que alguns dos actores não são tão desconhecidos.
Assim como outros produtos que compõem a cesta básica, é para lá onde tem sido canalizada parte significativa das divisas que o país obtém cifradas em largos milhões de dólares norte-americanos, que acabam por financiar as economias destes países exportadores.
Angola não poderia viver ‘ad eternum’ com este problema, empurrando-o com a barriga, postergando a tão esperada diversificação e a oportunidade de se poder transformar igualmente num país que possa produzir os bens para a cesta básica dos seus habitantes, com produtos como o arroz, feijão, trigo, frangos e ovos.
Há muito que o discurso da diversificação foi sendo ventilado, tendo aumentado sobretudo durante a entrada em cena do Presidente joão lourenço, observando-se já alguns resultados, apesar do cepticismo de muitos. estaremos lembrados dos aumentos que ocorreram a nível do sector da agricultura, sobretudo, com a aprovação de orçamentos até então não vistos.
É de se assinalar a implementação de programas como o Planagrão, Planapesca e outros, gizados para se alterar o quadro e dar a oportunidade de efectivamente empresários angolanos ou estrangeiros radicados no país se transformarem em investidores de sucesso, mas alimentando a população. nos últimos dias, o executivo vai já travando a entrada de produtos da cesta básica, muitos dos quais se acredita que a oferta a nível interno vai aumentando a cada ano. Foi assim com o arroz, as miudezas de frango e boi.
Agora chegou a vez do trigo e outros produtos. embora exista entre muitos algum cepticismo, a verdade é que, a cada dia que passa, se vai colocando uma pedra na busca da tão ansiada autossuficiência alimentar a partir da produção local. Os empresários agrícolas e pecuários esfregam as mãos porque o mercado está à mercê.
E aos jovens também lhes está a ser dada uma oportunidade de buscarem no campo não só uma fonte de trabalho, mas também de criação de riqueza limpa, muito distante dos métodos draconianos usados por alguns dos nossos milionários.