Há muito que nos vamos questionando sobre as razões que levam muitos angolanos ao exterior em busca de saúde, mesmo existindo no país inúmeros hospitais, alguns dos quais moderníssimos. Várias são as vezes em que se anuncia a morte de um alto responsável e, posteriormente, nos apercebemos igualmente de que tenha perdido a vida no exterior. Não é preciso sequer citar nomes.
São vários os que vão e vêm de países africanos, europeus e agora até asiáticos. Também são inúmeros os que foram e regressaram já sem vida. Os exemplos vão da base ao topo. Sem excepção. Entre idas e vindas, muitos são os argumentos apresentados pelos angolanos que têm esta possibilidade.
Alguns destes fundamentos, sem desprimor ao esforço que vem sendo feito pelos milhares de quadros existentes no sector da saúde, prende-se à falta de qualidade, inexistência de serviços e até mesmo algum mau atendimento em muitos serviços a nível interno.
Aqui ao lado, na vizinha Namíbia, por exemplo, onde muitos recorrem, as instituições sanitárias não são tão requintadas como algumas que vimos, mas o nível de atendimento e serviços prestados caem no goto de muitos compatriotas nossos, que se dizem melhor servidos e mostrado confiantes.
Mas, afinal, o que falta do nosso lado? O que faz tantos cidadãos nacionais correrem para o exterior sempre que tenham possibilidade, apesar do aumento significativo de serviços e infra-estruturas que as autoridades vão construindo e inauguradas com regularidade? Cada um terá a sua resposta consoante as experiências vividas ao longo dos anos. Mas, ainda assim, pouco irão descurar a boa vertente formativa em vários ângulos como sendo a base para a melhoria qualitativa e quantitativa dos profissionais angolanos.
A sociedade foi surpreendida há uma semana com a informação do encerramento por um período de cinco anos dos cursos de análises clínicas e enfermagem em certas províncias. Uma decisão que acaba, igualmente, por deixar muitos boquiabertos e enfurecidos, mas que não está dissociada de outras tomadas há pouco tempo.
Estamos lembrados de que, com base em avaliações feitas pelo Instituto Nacional de Avaliação, Creditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior (INAAREES), culminou com a decisão de proibição da entrada de novos estudantes de cursos de saúde a nível superior em muitas universidades do país, incluindo na Faculdade de Medicina, na reputada Universidade Agostinho Neto.
Para as necessidades que o país apresenta no sector da saúde, com uma população cada vez maior, as proibições podem ser vistas como sendo medidas draconianas. Mas a busca da qualidade numa área sensível como a saúde exige também muitos sacrifícios, alguns dos quais impedirão que Angola continue a gastar vários milhões de dólares no exterior ou que os seus filhos, incluindo governantes, tenham de recorrer a outros países por causa de patologias simples por falta de confiança nas suas pró- prias instituições.