Já não há mais dúvidas, à medida que nos aproximamos das eleições, tal como aconteceu no passado, as fases pré-eleitorais são quase sempre dominadas por discussões longe dos espaços convencionais, ou seja, daqueles em que são esperados os debates normais.
Distante das ruas, onde se esperava que venham por parte de alguns partidos se desencadear acções de protesto, como a UNITA e alguns dos seus apoiantes vão ameaçando, por enquanto tem sido nas redes sociais onde alguns se procuram credibilizar e outros fazerem o inverso quanto aos opositores.
Pergunto-me, quase sempre, se existirá alguma aleatoriedade no que lemos e assistimos ou haverá acções coordenadas daquilo que se julgou prudente chamar no Brasil de gabinetes de ódio, formados por milícias contratadas para o efeito.
Em solo brasileiro, há muito que se dizia – depois ficou comprovado – que em tempos de eleições são gastas enormes fortunas para se alimentar os ciberactivistas que se especializam em propagar informações aversas e denegrir, até da forma mais infame, os adversários políticos.
Em outras palavras, quase que não há regra para estes ‘opinion makers’ de ocasião, alguns deles escudados na pele de activistas e outros formadores de opinião. Também já vivemos entre nós a era dos milicianos.
Enquanto se aproxima o pleito eleitoral, em que se espera por um debate inclusivo, responsável e que responda aos anseios dos angolanos, há quem procure a todo custo passar mensagens atropelando as regras de civilidade.
Sempre que surge um assunto candente, que merece uma apreciação positiva, aumentam também as reacções contrárias e bem organizadas provenientes do desconhecido, mas bem articuladas, o que leva a depreender que provenham de sectores devidamente estruturados.
Mais do que mera coincidência ou atitude de indivíduos desavisados, o denegrir, a injúria e até a distorção do que é dito por um governante, político ou até pessoas anónimas de quem não concordamos se tornaram uma forma de ser e estar na vida de certos grupos.
Constituídos, passe o exagero, apenas com esse fim e não se pode sequer acreditar que actuem somente por interesses inconfessos. As próximas eleições, sem medo de errar, ficarão marcadas também por esta actuação miliciana. Não se importando com o que dizem nem a quem atingem.
E é provável que os tribunais depois fiquem apinhados de processos na sequência deste mal que vai prosperando, apadrinhado por interesses económicos e políticos desta era em que as ideias por si só parecem ser incapazes de seduzir.