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Padecemos de uma síndrome de Estocolmo

Jornal Opais por Jornal Opais
29 de Setembro, 2023
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
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Runoko Rashidi, saudoso historiador, escritor e Pan-Africanista de nacionalidade norte-americana, brilhantemente alertou o seguinte: “o que fazemos por nós depende do que pensamos sobre nós.

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O que pensamos sobre nós depende do que sabemos sobre nós. O que sabemos sobre nós depende do que nos foi ensinado à respeito de nós mesmos.”.

Sabermos quem somos é imprescindível, pois é isto que nos confere uma identidade, e as questões fundamentais que se colocam são: quem nos tem dito quem somos?

Qual é a nossa fonte de extração de informações a respeito de nós mesmos? Será esta fonte fidedigna e confiável? Disse antes e volto a repetir porquanto se trata de um sentimento de que continuo imbuído: somos como que estrangeiros de nós mesmos.

Muito do que é nosso e parte de nós ainda nos é estranho. Muita coisa há a respeito das nossas culturas que nos soa a bizarrice. Filtrarmos as fontes de informações a respeito de nós mesmos é crucial porque só assim teremos consciência de quem fiel e verdadeiramente somos. Se soubermos quem somos, saberemos de onde viemos e, somente assim saberemos para onde vamos enquanto africanos, enquanto povos Bantu.

A meu ver, o fenómeno de tráfico de escravos foi tão grave e tão atroz quanto o processo de colonização, isto porque, em ambos os casos, traficados e colonizados eram forçados a se despojarem de si mesmos, das suas identidades.

Os traficados eram muitas vezes separados daqueles que falavam a mesma língua, logo, dificilmente a conseguiam conservar uma vez que não tinham alguém da mesma tribo para comunicar, razão pela qual afro-americanos e afro-brasileiros não sabem falar nenhuma língua nativa africana, por exemplo.

Já os colonizados, salvo alguns casos, eram proibidos de falar as suas línguas nativas, não fosse o caso de estarem a conspirar alguma rebelião contra o colono sem que este se apercebesse, por um lado, e passavam por um processo de assimilação, por outro.

Ora, foi através do processo corrosivo de assimilação, traduzido como processo de apropriação de ideias ou sentimentos alheios, que o africano começou a se afastar gradativamente de si mesmo.

Em outras palavras, deixamos de ser quem somos para sermos como os outros, para sermos os outros. A bem da verdade, continuamos, em grande escala, assimilados.

Talvez mais do que antes, inclusive. Falamos melhor o português do que o kimbundu, mas somos “Africanos”. Atribuímos aos nossos filhos nomes estrangeiros, mas somos “africanos”.

Olhamos para a medicina tradicional com olhares de desconfiança, mas somos “africanos”. As nossas crianças não têm acesso às salas de aula contanto que cortem o cabelo, mas somos “africanos”.

Usamos a um nível aviltante cremes para clarear a pele, mas somos “orgulhosamente africanos”. Será que ser Africano tão somente significa nascer em África? Questiono-me de que nos serve afirmarmos sê-lo se as nossas actitudes demonstram que não o somos? Segundo uma das vozes mais consonantes da nossa contemporaneidade, o Psicólogo Clínico canadense Dr. Jordan Peterson, autor do best-seller “12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos”, o que dizemos e o que fazemos precisam ser isomórficos.

Se formos pessoas integradas então o que dizemos não é ambíguo nem contrário ao que fazemos. É esta uma das principais razões que afasta, por exemplo, pessoas do Cristiniamo, pois as actitudes de muitos Cristãos vão contra o que dizem acreditar e as suas acções falam tão alto que não se consegue ouvir o que dizem. Os nossos corpos estão em África, mas o nosso foco, atenção e os nossos corações estão voltados para o Ocidente.

O canal “África News” na maior TV a cabo nacional não está disponível no pacote mais baixo, porém, o canal “Euronews” está. É mais fácil termos acesso a informações relacionadas aos outros do que a nós mesmos. Há uma necessidade urgente de sofrermos uma cirurgia de desassimilação, de outra forma continuaremos presos ao lodaçal em que até ao presente momento nos encontramos até percebermos que precisamos ser nós mesmos. O modelo dos outros não funciona connosco porque temos um DNA diferente.

A filosofia africana é diferente. Sermos nós é crucial porque só assim saberemos dizer ao estrangeiro o que é ou não permitido, o que gostamos e o que não gostamos, o que aceitamos e o que não aceitamos, o que vai e o que não vai de acordo com os nossos princípios e valores.

É deveras importante que o resgate da nossa identidade aconteça para que possamos, como nos tempos indos, contribuir com a nossa sabedoria para o desenvolvimento do mundo.

É necessário reverter a actual tendência em somente importar pensamentos e olharmos para nós como igualmente capazes de sermos exportadores de pensamentos e ideias.

Não há nada de errado em importar, contanto que o que se importa se ajuste ao que é nosso e venha para nos aprimorar e não para nos desvirtuar ou destoar.

Precisamos refletir a respeito deste olhar apaixonado que temos por tudo que representa o colono, este sentimento mal contido de que os outros são melhores do que nós e que nos leva a receber quase que sem questionar o que deles vem.

Temos de nos questionar o porquê nos sentimos tão atraídos por aqueles que até bem pouco tempo nos raptaram e subjulgaram. Parece patológico. Considero seriamente estarmos em presença de um caso crítico de Síndrome de Estocolmo.

Mas uma coisa é certa, os nossos líderes são, em muitos casos, incentivadores da cada vez maior descrença que temos em nós mesmos.

É ingênuo pensar que a culpa é somente dos outros. Só nós temos o poder de gerar a mudança de paradigma que tão veementemente desejamos. Refiro-me, portanto, a este estado de neo-colonização em que nos encontramos.

 

Por: EDUARDO PAPELO

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