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Que não seja demasiado tarde

Jornal Opais por Jornal Opais
4 de Agosto, 2023
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Que não seja demasiado tarde

Que não seja demasiado tarde quando nos apercebermos que os nossos provérbios, caracterizados pelo magnânimo Chinue Achebe como sendo “as especiarias com que nós Africanos temperamos a vida”, os nossos valores, a nossa relação com a terra e o meio circundante, com os astros, os fenômenos naturais e sobrenaturais, as nossas filosofias, aquilo a que o ímpar Mia Couto considerou como sendo “um universo de outros saberes”, as nossas culturas, os nossos traços, características físicas e a nossa espiritualidade são na verdade o caminho que devemos e sabemos seguir.

O rumo verdadeiramente certo a (re)tomar. Usam-se muitas vezes as falhas das nossas culturas para se as negar por completo, para se as reprovar por completo.

A verdade é que sequer nos conhecemos.

Somos como que estrangeiros de nós mesmos.

As culturas evoluem e são mutáveis. Elas não são estáticas e anacrônicas por natureza.

A partir do momento em que o indivíduo pertence a um grupo, este, tendencialmente através das gerações mais novas, começa a questionar certas práticas inerentes ao grupo a que pertence.

Caso realmente acredite na necessidade de mudança, ele será agente condutor desta mudança até que ela se reflita primeiro em si mesmo e em seguida no seio da comunidade, até que tal mudança se efective de modo generalizado.

Assim evoluem os povos e suas culturas. Acompanhei no telejornal uma matéria que dizia respeito a um estudo levado a cabo pelo INAC, em ocasião ao Dia da Criança, o qual apurou que existem práticas ainda vigentes em determinados grupos e comunidades rurais, nas quais certos Sobas, aproveitandose dos seus títulos, entendem casar com meninas menores de idade, justificando tratar-se de uma prática reiterada, parte constituinte nossa, aprendida com os antepassados.

Caso seja verdade, o facto é que os antepassados não são infalíveis.

Quantas vezes não damos por nós pagando por erros cometidos por aqueles que nos antecederam… cwom sorte a delegação do INAC reunirá com estes mesmos Sobas no sentido de fazêlos compreender a necessidade de descontinuarem tais práticas. Temos de ser melhores, fazer melhor e nos corrigirmos no essencial.

Assim evoluem os povos e suas culturas. Por outro lado, é imperativo que conservemos o que de positivo alcançamos enquanto povo Bantu.

O respeito à autoridade. O respeito pelos pais, nossos e dos outros. A correção às transgressões dos filhos, nossos e dos outros.

A percepção de nós como um todo.

A personificação da máxima “uMuntu nguMuntu ngaBantu”.

A consciência de que somente sou porque somos e que se não formos, logo não sou. Não deixemos que seja tarde demais.

Percebermos que devemos resgatar e transmitir as brincadeiras dos tempos pueris.

E se apagássemos propositadamente as lâmpadas do bairro e fôssemos todos bicar o bidon?!

Que compreendamos e acreditemos que os nossos valores morais funcionam e são louváveis.

Que a educação rigorosa dos pais africanos é fundamental para incrustar no muntu um caráter virtuoso e que por essa razão não mais precisamos importar do Ocidente educação, hábitos e valores estólidos para as nossas crianças via TikTok.

Que não seja tarde quando percebermos que não há nada de errado, tampouco vergonhoso em sermos nós e que por esse motivo, não mais é necessário opormos-nos a nós mesmos. Não mais é necessário sermos opressores de nós mesmos.

Ensinai a criança que o seu cabelo é arte.

Que o seu cabelo serviu de arma, contribuiu para a luta e reivindicação da liberdade do povo negro, tendo inclusive servido de mapa para guiar os seus antepassados em segurança rumo aos Kilombos no Brasil.

Que a sua pele foi beijada pelo sol e que a melanina resultante desse beijo é uma poderosa capa que a protege das enfermidades causadas pela exposição prolongada aos raios solares do clima implacável de África.

Que não precisa esperar aceitação nem reconhecimento exterior porque ela é descendente dos primeiros humanos.

Que diferente da cada vez mais crescente vergonha que muitos sentem em ser africanos, ela pode e deve ousar sentir orgulho em sê-lo porque os seus antepassados fundaram, multiplicaram-se e dominaram a terra.

Que ela pode assumir a sua negritude livre e apaixonadamente qual célebre Uanhenga Xitu quando exclamou: “Sou escritor de MULALA NA MBUNDA, misturando português, kimbundu e umbundu.”.

 

Por: EDUARDO PAPELO

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